A política está tão mexida no nosso país que ainda tem mais ingredientes que um cocktail de Verão.
Vamos por partes.
Gaspar saiu primeiro e na sua carta há de tudo um pouco. Queixa-se da falta de coesão do Governo e avisa Pedro Passos Coelho:
“Os riscos e desafios dos próximos tempos são enormes. Exigem a coesão
do Governo” e reconhece que o falhanço nas metas orçamentais estragou a sua confiança enquanto número dois do Governo. Fala também que esta não é a primeira vez que pede para ser distituido do cargo que ocupava.
Mas uma das melhores partes é quando parece que se sacrifica pelo projecto, como um mártir que já fez o seu trabalho, quando afirma que
"é minha firma convicção que a minha saída contribuirá para reforçar a sua liderança e a coesão da equipa governativa” (...) "A minha saída é agora, permito-me repetir, inadiável”.
O que dizer disto? Bem Vítor Gaspar foi o nosso Primeiro-Ministro muito tempo e a sua saída enfraquece o Governo que outrora já tinha perdido Relvas. Pedro Passos Coelho tinha de acertar na escolha a tomar para que o ambiente fosse controlado, para que o pó assentasse depressa ... mas voltou a falhar. Maria Luís Albuquerque foi o nome escolhido e Portas era o nº2 de Passos, pelo menos foi por um dia.
No Domingo Paulo Portas apresentou a demissão porque não concordou com a solução encontrada por Passos para as
Finanças, pois, do ponto de vista da simbologia política, a escolha de
Maria Luís Albuquerque significou que o Primeiro-Ministro assumiu ele
mesmo a pasta das Finanças no plano político, o que desequilibrou o
poder dentro da coligação. Aquilo que afirmou ser nem "politicamente sustentável, nem é pessoalmente exigível" faz com que o Governo não só tenha perdido 2 ministros (e dois nº2 ) em 2 dias como põe em causa toda a credibilidade interna e externa que lhe podia restar.
Reina o caos político na mais alta esfera do nosso país. Depois de Miguel Relvas, agora foi Vítor Gaspar e Paulo Portas a abandonar, três "caras" fortes deste Governo de coligação.
E depois de tudo (mesmo após o Presidente da Républica já ter dito que só com moção de censura aprovada em Assembleia é que existirão eleições) os olhos estavam postos no comunicado de Pedro Passos Coelho.
O nosso Primeiro-Ministro foi prontório :
"Não me demito. Não abandono o meu país." aquilo que muitos viram como um ataque a Paulo Portas.
“Comigo, o país não escolherá o colapso político, económico e social”,
afirmou Passos Coelho, sublinhando que o contrário representaria
“dois
anos de um grande esforço deitados por terra”, “ignorar os sacrifícios”
dos portugueses e os sinais de inversão económica que diz começarem a
existir ... ou seja, ele é como a banda do Titanic: enquanto o barco se afunda ele continua a tocar a sua música. Passos Coelho parece estar no seu mundo, ainda acreditando naquilo que planeou e que vai falhando em cada etapa e isso aos olhos dos portugueses não mostra nada de bom.
Já se prevêem manifestações e em muitos lados se pedem eleições antecipadas ... o que é mais que certo é que foi nestes dois dias em que Portugal pode muito bem ter visto o início do fim do Governo de Pedro Passos Coelho.