Uma pequena sala, uma mesa desproporcionalmente grande, uma quantidade incomum de pessoas a jantar, conversando sobre temas diversos. Havia de ser uma altura especial, mas não havia bolo de aniversário, muito menos velas. Mas estavam caixas brancas, em cartão, num móvel perto da porta. Na mesa, ainda se jantava. Havia batatas cozidas, legumes e... bacalhau... O rapaz mais novo não gostava de bacalhau. A mãe, conhecedora de seu filho, preparou algo para o pequeno comer. Contudo, o rapaz não tinha muita fome, estava ansioso. Há dias que esperava por aquele momento: abrir os presentes - porque era Natal!
Como é bonita a inocência dos mais novos no Natal; ver os sorrisos quando desembrulham um presente e encontram lá aquele brinquedo que se fartaram de pedir aos pais.
Mas, como toda a gente, as crianças acabam por crescer. O Pai Natal passa a não existir, mas as prendas permanecem. E o atual do Natal é isto: olhar-se a prendas, esquecer-se o mais importante - a família. Trocaram-se as boas relações familiares por relações comerciais. As pessoas parecem preferir um computador novo a desculparem - ou desculparem-se perante - um pai, um filho, um irmão. Hoje, é preferível manter um orgulho ferido, que aceitar os erros e juntar a família em paz e harmonia.
A família daquele rapaz quebrou-se. No entanto, o pequeno retirou uma lição valiosa que o seguirá na sua vida: acima de tudo, estão aqueles que nos querem bem; aqueles que, sendo do nosso sangue, ou não, mereceram entrar no nosso coração; aqueles que, quer erremos, quer eles errem, deixarão um espaço vazio naquele lugar que haviam conquistado.
O Natal, antes de todo o consumismo que o envolve, deveria ser isto: uma época de paz, sem tensões nem divisões. Deixemos os presentes, esqueçamos um pouco a crise, voltemo-nos para quem nos quer bem, deixemo-nos embalar no inigualável conforto familiar.
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