"Writing is a socially acceptable form of schizophrenia."
(E.L. Doctorow
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"Words - so innocent and powerless as they are, as standing in a dictionary, how potent for good and evil they become in the hands of one who knows how to combine them."
(Nathaniel Hawthorne
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quarta-feira, 3 de julho de 2013

Gaspar e Portas marcaram Passos ...

A política está tão mexida no nosso país que ainda tem mais ingredientes que um cocktail de Verão.

Vamos por partes.
Gaspar saiu primeiro e na sua carta há de tudo um pouco. Queixa-se da falta de coesão do Governo e avisa Pedro Passos Coelho: “Os riscos e desafios dos próximos tempos são enormes. Exigem a coesão do Governo” e reconhece que o falhanço nas metas orçamentais estragou a sua confiança enquanto número dois do Governo. Fala também que esta não é a primeira vez que pede para ser distituido do cargo que ocupava.
Mas uma das melhores partes é quando parece que se sacrifica pelo projecto, como um mártir que já fez o seu trabalho, quando afirma que "é minha firma convicção que a minha saída contribuirá para reforçar a sua liderança e a coesão da equipa governativa” (...) "A minha saída é agora, permito-me repetir, inadiável”.

O que dizer disto? Bem Vítor Gaspar foi o nosso Primeiro-Ministro muito tempo e a sua saída enfraquece o Governo que outrora já tinha perdido Relvas. Pedro Passos Coelho tinha de acertar na escolha a tomar para que o ambiente fosse controlado, para que o pó assentasse depressa ... mas voltou a falhar. Maria Luís Albuquerque foi o nome escolhido e Portas era o nº2 de Passos, pelo menos foi por um dia.

No Domingo Paulo Portas apresentou a demissão porque não concordou com a solução encontrada por Passos para as Finanças, pois, do ponto de vista da simbologia política, a escolha de Maria Luís Albuquerque significou que o Primeiro-Ministro assumiu ele mesmo a pasta das Finanças no plano político, o que desequilibrou o poder dentro da coligação. Aquilo que afirmou ser nem "politicamente sustentável, nem é pessoalmente exigível" faz com que o Governo não só tenha perdido 2 ministros (e dois nº2 ) em 2 dias como põe em causa toda a credibilidade interna e externa que lhe podia restar.

Reina o caos político na mais alta esfera do nosso país. Depois de Miguel Relvas, agora foi Vítor Gaspar e Paulo Portas a abandonar, três "caras" fortes deste Governo de coligação.
E depois de tudo (mesmo após o Presidente da Républica já ter dito que só com moção de censura aprovada em Assembleia é que existirão eleições) os olhos estavam postos no comunicado de Pedro Passos Coelho.

O nosso Primeiro-Ministro foi prontório : "Não me demito. Não abandono o meu país." aquilo que muitos viram como um ataque a Paulo Portas. “Comigo, o país não escolherá o colapso político, económico e social”, afirmou Passos Coelho, sublinhando que o contrário representaria “dois anos de um grande esforço deitados por terra”, “ignorar os sacrifícios” dos portugueses e os sinais de inversão económica que diz começarem a existir ... ou seja, ele é como a banda do Titanic: enquanto o barco se afunda ele continua a tocar a sua música. Passos Coelho parece estar no seu mundo, ainda acreditando naquilo que planeou e que vai falhando em cada etapa e isso aos olhos dos portugueses não mostra nada de bom.

Já se prevêem manifestações e em muitos lados se pedem eleições antecipadas ... o que é mais que certo é que foi nestes dois dias em que Portugal pode muito bem ter visto o início do fim do Governo de Pedro Passos Coelho.

2 comentários:

Mel disse...

Isto está um caos autentico e na minha opinião não adianta prosseguir mais com este cenário caótico. Contudo, eleger um novo governo ou não, os portugueses terão sempre que suportar esforçadamente todos os sacrifícios da extrema austeridade.
Gostei muito do teu cantinho, vou começar a visitá-lo mais vezes :)
Beijinhos

Daniel André Teixeira disse...

Sim Portugal neste momento está mergulhado em várias incertezas que em nada ajudam para o seu desenvolvimento político (e social).
As eleições parecem ser o cenário mais procurado, mas aí já apareceu o Presidente da República (sim, acho que ainda temos um) que ja disse que é melhor resolver as desavenças do que ir a sufrágio.

Agradecemos o elogio e cá estaremos.

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