Passaram três anos sem ti aqui. Demasiado tempo para quem gostava da tua companhia, do teu carácter, da tua maneira de ver a vida. Não há dia que não imagine o que seria da minha vida se tu ainda estivesses do meu lado para me acompanhar.
Jamais me esquecerei de tudo que passamos.
A minha infância tem a tua marca, onde foste um avô com as regras certas para teres um neto respeitador mas que facilmente te arrancaria um sorriso. Lembro-me da moeda que me davas depois da escola para as pastilhas elásticas, mesmo que depois não entendesses bem aquela fixação de mastigar algo para depois deitar fora. Recordo-me dos passeios no teu fiel carro mesmo que apenas fosse para irmos tomar café, viagens curtas mas sempre bonitas e diferentes à sua maneira.
Cresci, mas recusei abandonar o cantinho que me viu crescer. Nunca esquecerei as tardes bem dispostas que passei contigo a ver ciclismo ou ténis enquanto lanchávamos a sempre saborosa broa com presunto com os nossos "bitaites" sobre o que o desporto nos dava. Foram tardes em que me sentia querido como se fosse uma criança, onde sabia que tinha ao meu lado alguém especial para mim. Voltaria a repetir cada tarde até ao resto da minha vida.
No entanto alguém lá no alto decidiu que após a tua luta terias de ir embora. O meu mundo abanou ai. Se há dia em que me arrependo das minhas acções foi o dia em que decidi ir trabalhar em vez de ir ver-te uma última vez no teu enterro. Pensei que estaria a ser forte ou até porque não senti que nos tínhamos de despedir porque não me ias deixar, mas enganei-me e por isso espero que me perdoes, merecias mais de mim e falhei-te. É com lágrimas nos olhos que escrevo isto. O que mais gostava era de sentir o orgulho que tinhas por mim e sei que a minha vida seria diferente contigo aqui. Ainda te sinto por aqui, a olhar por mim e prometo nunca te decepcionar. O que tu me ensinaste nunca será deixado para trás.
Nunca me abandonaste mesmo após a tua "despedida". Não há jogo que faça sem antes olhar para cima e procurar a tua força, não há momento em que não pense em vencer por ti e não há dia em que visite a tua campa e não fale contigo.
A imagem do meu avô sentado na sua cadeira (onde apenas ele tinha o "luxo" de se sentar), olhando para a tv com a luz a meio termo para não ferir os olhos nunca me vai sair da cabeça e orgulho-me de ter sido parte da tua vida, da tua felicidade espero eu.
Idolatrei-te como ninguém, respeitava-te acima de tudo. O meu crescimento deve-se a ti, e vou agradecer-te para sempre. Até sempre avô.
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"Writing is a socially acceptable form of schizophrenia."(E.L. Doctorow)
"Words - so innocent and powerless as they are, as standing in a dictionary, how potent for good and evil they become in the hands of one who knows how to combine them."(Nathaniel Hawthorne)
segunda-feira, 21 de abril de 2014
Existe mesmo "liberdade de expressão" no Mundo actual?
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