"Writing is a socially acceptable form of schizophrenia."
(E.L. Doctorow
)

"Words - so innocent and powerless as they are, as standing in a dictionary, how potent for good and evil they become in the hands of one who knows how to combine them."
(Nathaniel Hawthorne
)

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A promessa que te fiz

Olhaste-me nos olhos. Foste sincera.
Mesmo naquele momento em que a minha vida parou fui incapaz de criar palavras ou gestos que te magoassem perante esse olhar que fez tudo para não chorar enquanto as palavras saíam da tua boca. Deixei que o silêncio fosse o meu refúgio.

Era para o teu bem, para te poderes encontrar. "És tudo o que procuro, mas não agora", a frase que gelou o meu mundo e que me tirou as forças. Mas ainda assim, como muitas vezes te sussurrei ao ouvido, eu não estava ali para te fazer sofrer nem para te fazer viver algo que não tivesse como intuito deixar-te feliz. Aceitei cada palavra, para que tivesses o espaço que mereces.

O que ficou foi aquilo que jamais pensamos perder. Um elo de ligação que nos marcou e que nos faz ficar sempre no canto um do outro. Perante mil defeitos meus e virtudes que por vezes soam a falhas a minha promessa para contigo vai manter-se. Nao serei embecilho ao que procuras, sairei do teu caminho se assim o quiseres, tal como te disse naquela tarde perto do rio. Vais para sempre ter contigo algo meu, um pedaço do que sou, porque mereces, porque me marcaste como ninguém. Tens-me contigo de uma maneira que só tu sabes.

Prometo não te falhar, não te fazer chorar e não serei impedimento para a tua felicidade. Para os momentos menos bons eu estarei lá para te limpar as lágrimas, e para as tuas vitórias terás os meus aplausos. Terás sempre a minha mão para te ajudar, apoiar e ser complemento para os triunfos que almejas alcançar. 

Sabes onde me encontrar. Quero que estejas feliz, que encontres o que te deixe feliz e que ele tenha a noção da mulher que sente aquilo que eu adorava ter. Que te mime, que te faça perceber a pessoa especial que és ... No fundo é a prova que há homens com sorte por haver mulheres como tu que olham assim para alguém.

Quem diria que a minha vida podia ter tal presença que me fizesse tremer a cada passo a teu lado, a cada abraço, alento ou cumprimento. És aquela que nunca vou parar de procurar numa multidão.

Conta com a minha promessa meu bem. Vou estar sempre aqui.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O rapaz que não chora

Ele tinha a sua noção do mundo, as suas crenças e valores bem definidos. Sempre procurou o equilíbrio das coisas, das situações numa busca constante de uma aprendizagem que o fizesse melhorar.

Ao longo dos anos aprendeu que não podia fraquejar, cedo acumulou um peso que não lhe permitia chorar porque a realidade pedia que ele fosse maior que a ocasião, que fosse o exemplo e o estandarte de uma vitória perante o caos.

O mundo e a realidade quase sempre cumpriram o pacto que fizeram com ele: Ele vivia o que eles lhe propunham enquanto que deixavam que o rapaz pudesse equilibradamente aprender com cada situação amealhando amizades, marcas e histórias.
Quase sempre ... havia outros planos. Porque o mundo e a realidade criam por vezes uma noção de segurança e conforto que não existem e tudo o que tu adoras viver amanhã pode já não lá estar para tu contemplares. Criam-se os dias em que já te sentes a perder e ainda nem da cama saiste, em que parece que sprintas em cima de uma passadeira rolante que te leva a nenhures.

Ei-lo, aquele rapaz, com um joelho no chão e sem forças, a contemplar um cenário cinzento de ruínas que outrora foi paisagem que ele amava poder fazer parte. Mas ainda assim não verte uma única lágrima, porque o Mundo fez questão de lhe tirar tal privilégio. Ele não foi moldado para tal acto apesar de todo o seu corpo criar um tremor que ameaça toda a sua mente.

Em vez desse singelo acto que é chorar é proposto que esse rapaz tenha a luta mais complicada: contra si mesmo. Que se reencontre, que ponha de lado as amarguras que o atormenta. É assim que o Mundo apresenta a saída para esse rapaz, continuando a pôr em causa os passos felizes que tinha, para que possa ter mais uma travessia no deserto, a cada noite, cada uma mais complicada que outra. Perde amores, momentos de alegria, sonhos, vontades e sorrisos que trazem memórias, tudo desvanece perante os seus olhos e ao invés ficam imagens de castigo que só a sua mente reproduz, caindo mais um dos seus castelos, pedaços do seu mundo.

A lenda diz que aquele rapaz,  embebido do seu orgulho e apesar de todo o cansaço e destruição, se vai reerguer. Mas como qualquer lenda é preciso saber que a história tem utopias e o herói tem falhas, senão ficará como um mito eterno.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Obrigado 23

O dia 17 de Dezembro traz o momento em que me despeço de mais um ano de vida para abrir a porta de um novo. Digo adeus ao 23º tento na minha existência agradecendo tudo o que me trouxe.

É no "meu" dia que faço questão de olhar para o que fiz. Olho para o que vivi e não tenho dúvidas que aprendi, venci, quebrei ... Enfim vivi.

Foi ano de uma nova "família" profissional, de momentos de graça em espaço sério, de múltiplas fotos, brindes e momentos espontâneos que geraram gargalhadas. Fui "miúdo" entre mulheres, menino entre os mais experientes, mas ciente que deixei uma marca que muitos apreciam e respeitam à sua maneira, sabendo da boa disposição que vem daqui. Aprendemos com os momentos mais complicados e tentaremos fazer deles exemplo para fortalecer uma equipa que tem tanto de excêntrica como de divertida e capaz.

Com 23 anos puxei por mim. Corri, voltei a correr e decidi não parar até criar o melhor desafio. Partilhei rotas, conversas entre amigos e querelas para o meu corpo poder combater e se sentir melhor. Senti manhãs e tardes de sol, chuva, vento ... E dezenas de corridas depois não me arrependo de todas as lições que os trilhos me deram, mesmo aquelas em que a minha mente foi falando comigo para espairecer com o corpo.

Quero acreditar que neste ano eu cresci. Madurei, mas sem nunca perder a personalidade que me define e que faço questão que quem me conhece veja como imagem de marca. Entre gargalhadas, abraços, apertos de coração, chatices e afectos eu fui dando os meus passos, amealhando amizades e, porque não dize-lo, amores.
Ganhei pessoas que sei que vou estimar para o resto da vida, sem nunca esquecendo os "especiais" de sempre na minha cruzada. Por todos eles eu digo obrigado, porque me tocaram. Terão sempre o melhor de mim.

Aceitei desafios, batalhei como nunca e também soube o que é perder. Podia embelezar a situação e dizer que aceitei sem problema mas o orgulho é hirto em mim e sei que só devagar vou deixando um sorriso puxado e dizer que está tudo bem. Defeitos que não saem, nem devem sair.

Basicamente fiz e tive de tudo nesta etapa dos 23. O filme que o 24º vai trazer não me preocupa, até porque tem tudo para trazer um bom complot para um actor que nunca muda de personagem.



domingo, 13 de dezembro de 2015

Apetece-me

Apetece-me tudo, mas o momento dá-me quase nada.

Apetece-me ser dono dos mundos que me tocam, mas a minha força não aguenta tamanhos exércitos.

Apetece-me ser rochedo, mas as ondas corroem a impunidade que outrora tinha.

Apetece-me ser resposta, mas as perguntas continuam a mudar.

Apetece-me ser egocêntrico, mas os meus valores não permitem tal vaidade.

Apetece-me ter-te comigo, mas sei que é sonho de coração insano.

Apetece-me gritar, mas as palavras podem não ser as mais correctas.

Apetece-me ser irrepreensível, mas os meus defeitos estão bem patentes.

Apetece-me ser especial, mas é luxo que por vezes nos foge.

Apetece-me ser exemplo, mas o cansaço mostra que pode não ser esse o modelo a seguir.

Apetece-me ser maior, mas a fadiga em mim demonstra que há limites.

Apetece-me fechar os olhos e descansar, mas a minha mente tem outros planos e filmes para me mostrar.

Simplesmente apetece-me ...