-Diz a Raquel com 4 anos.
Ela liga o meu portátil que está pousado na mesa e ignora o peluche que está pousado no chão. “Eles agora nascem ensinados”, é o que se ouve dos mais velhos quando tentam levar o seu futuro a passear pelo parque. E que futuro é este? Saborear é para os antigos. Alguns nem comem sem algo com wireless a brilhar ao lado do prato da sopa. Que ligação sem fios é esta dos miúdos à tecnologia? Foram só nos anos 90 que nasceram crianças com vontade de andar de bicicleta? Eu dava voltas ao quarteirão para ganhar à minha prima que conseguia dar sempre mais uma volta que eu. Por incrível que pareça não tínhamos telemóveis e encontrávamo-nos sempre ao sábado às 15 horas em frente ao pátio que ficava ao lado do trabalho das nossas mães. Jogávamos futebol com os rapazes e ainda inventamos um jogo chamado “aventuras” em que tínhamos de saltar muros e escadas mais altas que nós. O objetivo era bater o recorde mas acabávamos por ficar a ver quem é que se aleijava primeiro.
Ela liga o meu portátil que está pousado na mesa e ignora o peluche que está pousado no chão. “Eles agora nascem ensinados”, é o que se ouve dos mais velhos quando tentam levar o seu futuro a passear pelo parque. E que futuro é este? Saborear é para os antigos. Alguns nem comem sem algo com wireless a brilhar ao lado do prato da sopa. Que ligação sem fios é esta dos miúdos à tecnologia? Foram só nos anos 90 que nasceram crianças com vontade de andar de bicicleta? Eu dava voltas ao quarteirão para ganhar à minha prima que conseguia dar sempre mais uma volta que eu. Por incrível que pareça não tínhamos telemóveis e encontrávamo-nos sempre ao sábado às 15 horas em frente ao pátio que ficava ao lado do trabalho das nossas mães. Jogávamos futebol com os rapazes e ainda inventamos um jogo chamado “aventuras” em que tínhamos de saltar muros e escadas mais altas que nós. O objetivo era bater o recorde mas acabávamos por ficar a ver quem é que se aleijava primeiro.
Quando havia um sábado chuvoso íamos para casa dela fazer
batidos de chocolate, ou como dizia a minha tia, destruir a cozinha. Era assim …
e a única luz que brilhava não vinha de um ecrã, mas sim da lanterna do avô
que ligávamos com medo do escuro.
E eu penso: porque é que a Raquel não prefere essa luz ou
dar voltas ao quarteirão ou elaborar planos para ir para o outro lado do pátio
brincar sem ninguém a ver?
Queria que ela continuasse a saber tudo mas que acabasse por decidir ser criança em vez de me explicar que o site acaba em “.com”.
Queria que ela continuasse a saber tudo mas que acabasse por decidir ser criança em vez de me explicar que o site acaba em “.com”.