A vida – esta sina louca que nos
trazem de bandeja – é feita de começos e términos. Chamámos-lhes fases, perdas,
ou até, vitórias. E tentamos sempre vê-los com positivismo, despejando nesses
recomeços ilusões e esperanças que só nós próprios podemos concretizar.
Esquecemo-nos, no entanto, que os erros fazem também parte. É aí mesmo que se
distingue os seres humanos: uns conseguem reconhecê-los e ultrapassá-los,
outros envergonham-se deles e acabam martirizando-se constantemente.
Por
outro lado, um pouco por toda a parte, há quem se esqueça da magia que esta
sina louca contém. Este corre-corre contra o tempo entre planos. Não é preciso
muito para essas pessoas terem um dia estragado: café derramado na blusa
engomadinha, multa de estacionamento, saldo esgotado no telemóvel, … E é por
isso que nos esquecemos daquele/as que podem ser os/as dias/fases mais felizes
das nossas vidas.
Ora, nem sempre essas fases são,
ou acontecem, tal como delineamos.
Nem sempre emanam de
datas marcadas ou de cerimónias primorosas. E
muitas das vezes, elas iniciam-se justamente quando parámos de as invocar. Não
é maravilhoso? Basta cessar receios ou pudores, ou rancores, e a sensação de um
paladar novo conduzir-nos-á a um conforto e diversão “ai Jesus que lá vou eu”!
Se é que me faço entender.
A
nossa essência permanece intacta, mas por outro lado, abrir a alma à novidade é
o impulso que nos faz levitar até ao futuro. Até à chance de fazer de novo, de
fazer melhor. Em suma, o dia rotineiro e vulgar pode tornar-se o mais feliz, e
quiçá decisivo, bastando que para isso nos deixemos de mágoas e preconceitos. Demos
voz ao pedacinho de alma adormecido. Aos sonhos delirados, mas possíveis. Essa
voz que nunca se cala mas que nem sempre se ouve. Há quem a ouça todos os dias.
Há com a ouça uma vez na vida. E há quem nunca a tenha ouvido.
PS: e obrigada ao Crónicas em Branco por fazer parte desta minha etapa!
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