"Writing is a socially acceptable form of schizophrenia."
(E.L. Doctorow
)

"Words - so innocent and powerless as they are, as standing in a dictionary, how potent for good and evil they become in the hands of one who knows how to combine them."
(Nathaniel Hawthorne
)

sábado, 31 de dezembro de 2011

2011: Altos e Baixos

E pronto, mais um ano com 12 meses está a acabar e este foi rico em … coisas. Muito se passou, acontecimentos marcantes, banais, de fazer rir e chorar, enfim toda uma panóplia (sim, sim, eu disse panóplia) de momentos.
Decidi apenas falar de alguns, aqueles que eu acho q marcaram mais este ano que agora acaba. Portanto aqui ficam as minhas escolhas:

Altos:
- Fado: Neste ano vimos um símbolo nosso tornar-se património imaterial da UNESCO. Sim, é certo que muitos de nós não oferecemos a maior atenção, mas não deixa de ser razão para louvarmos este feito, porque afinal de contas o fado é apenas “nosso”.

- Mortes de Bin Laden e Khadafi: Pode ser estranho por mortes como ponto “alto”, mas o desaparecimento destas duas individualidades fez respirar melhor quem sentia o tormento e o medo constante. Em jeito de brincadeira, o Inferno acabou de ganhar uma nova dupla de atacantes …

- Final da Liga Europa: Pela primeira vez uma final europeia teve dois clubes portugueses. Braga e Porto levaram Portugal a Dublin para erguer o nosso futebol. Aproveito para dizer que é de destacar também a fantástica prestação do FC Porto com Villas-Boas ao comando, visto que venceu 4 troféus.

Baixos:
- Orçamento de Estado: Depois desse fatídico anúncio as palavras “indignação”, “austeridade”, “crise” e” revolução” foram as palavras mais ouvidas em 2011. Seguiram-se manifestações com gerações à rasca e com outras temáticas de pessoas que sentiam que não só o seu dinheiro lhes estava a fugir como também o seu emprego.

- O colapso da Europa: O “velho continente” está a perder fulgor e neste ano teve de passar por testes de fogo.  No entanto a dona Merkel e o seu anão de serviço Sarkozy parecem ter as ideias em ordem (dizem eles, e visto que são eles que mandam, só temos de aceitar não é?).

- Agosto fraquinho: O que choveu em Agosto meu deus. Eu ainda sou do tempo em que em Agosto o pessoal juntava-se e ia o dia todo para a praia ou ia com a família passear por aí … este ano via-se agua também mas era a cair do céu enquanto estávamos em casa a espera que isto fosse uma partida de mau gosto.

Antes de acabar digo também que uma personalidade como Futre também estaria sem dúvida nos “altos” e a dupla Sócrates/Passos Coelho nos “baixos”, mas preferi não alongar em demasiado.
Um bom 2012 para todos.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Até para o ano :')

25 de Dezembro, 17:22, o dia de Natal está a acabar.


Acaba-se o dia, mas para muitas pessoas, mantém-se o espírito, ou pelo menos as decorações...
Para outros, já começou a contagem decrescente para o novo ano e o Natal foi apenas uma paragem nas boxes  impossível de evitar...

O Natal é uma época que traz um misto de emoções, independentemente de quais e do porquê delas.
A felicidade, de quem anseia pelo grande dia porque se vai divertir a comer, vai encontrar a família, vai receber a tão esperada prenda.
A tristeza, dos que não apreciam esta época, pelos mais variados motivos, mas mesmo assim são "bombardeados" por ela por todos os lados...
O stress dos que se preocupam mais com o que vão comprar do que para quem vão comprar...
A emoção dos que têm neste dia a hipótese de ver pessoas que durante o ano dificilmente o conseguiriam fazer...
A lista podia continuar, mas seria apenas repetir algo que já todos conhecem ou se identificam.

No meu caso pessoal, o Natal é uma época alegre, não costumo nem dar nem receber muitas prendas, mas gosto de passear, ver as ruas enfeitadas e uns quantos gajos vestidos de vermelho e barba comprida (sem serem adeptos dum clube do sul)... Ver a alegria que as pessoas mostram, uma maior simpatia mesmo que temporária.
Desde pequeno que o meu Natal foi comprido, vindo de uma família separada, sempre pude visitar vários ambientes natalicios, do lado da  familia do meu pai e da minha mãe. Habituei-me a fazer às vezes 3,4 àrvores e presépios e quando chegava ao Natal esse era sempre um dos meus "pontos altos".
Agora mais "velho", com menos prendas, menos árvores, muitas vezes mais trabalho e com uma familia mais encurtada, tenho uma realidade completamente diferente, mas que não muda o meu ver do espirito natalicio que sai deste ano reforçado por o ter vivido de duas maneiras diferentes, em duas terras diferentes.
Felizmente mais um Natal se passou, mais um Natal em grande e que para o ano se repita.
Espero que todos os que valorizam a essência desta época também assim o tenham passado bem e para quem não teve essa felicidade, mais anos virão e pior, nunca!

Desejo a todos a continuação de Boas Festas!

Natal: se o início fosse diferente …

Toda a gente conhece a típica história do “menino” Jesus e do presépio e por aí fora … o quê, não conhecem? Não perdem nada, nós trazemos uma melhor.

Na nossa ideia, Jesus era um menino que tinha tudo do bom. Essa história de “ah e tal ele nasceu nas palhinhas e ui, nasceu por obra divina” … meus amigos seria feio aparecer na certidão que nasceu num berço banhado a ouro, assim a bíblia parecia um livro da Carolina Salgado.

O que é que chamamos a um homem que chega a casa e a mulher “acontece” que está grávida? Exacto. Chamamos isso. Pois neste caso esse senhor era José, que coitado, de tarde estava sossegado a ajeitar uma marquise pós lados de Jerusalém e a noite descobre que “afinal” vai ser pai (ainda pra mais de um Messias) … acontece a todos né?

Assim, lá se puseram ao caminho (evitando tudo que fosse portagens e scuts) no seu bem apetrechado Fiat Uno (ou era um burro? Na altura andava tudo à mesma velocidade portanto…). Para onde perguntam vocês? Fácil, para o hospital S. João (sim na altura de certeza que era lá, o Mundo dá tantas voltas…). Era a loucura no tele de José: eram posts no Facebook, eram fotos da barriga da mulher, eram músicas do Tony (não vão duvidar que este já por cá andava né?) … curiosamente recebia muitos comentários com a palavra que responde a pergunta do 2º parágrafo … nervoso liga o IPod e relaxa ao som de “o pai da criança”.

Como afinal esqueceram-se dos BI’s em casa, o hospital mandou-os porta fora. A única coisa de jeito aquela hora era um monte de palha com musgo (gentilmente fornecido pelo “ervilha”, o mendigo lá da zona). Este assiste ao parto ajudando com frases importantes como “distorce, vira tudo, isto vale mais do que 50 cêntimos de certeza …” . E assim nasce Jesus Cristo, o rapazola que fazia milagre e por aí fora (não nos apetece estar a alongar isto, mas podemos estragar o final e dizer que acaba por morrer numa cruz.). De destacar que este acontecimento deu para os chineses fazerem furor na altura: terços de plástico às cores, miniaturas do “menino” e camisolas falsas do CR7.

Agora devem estar a pensar por onde andavam os Reis Magos, o burro e a vaca. Calma a gente explica. Os Reis Magos chegaram lá em grande estilo (caps, grills e Air Force nos pés) e levavam para o menino fraldas, um biberão e um cupão com 50% de desconto no Continente. Quanto aos burros e as vacas … bem disso há em todo o lado, essa parte vocês escolhem …

E assim terminamos uma maravilhosa história de como Jesus nasceu para o mundo … ah, é nesta parte que se deseja boas festas não é? Pois então, nesse caso (e porque tem que ser) um Bom Natal.
Filipa Alves/Daniel Teixeira

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal, época de união

Uma pequena sala, uma mesa desproporcionalmente grande, uma quantidade incomum de pessoas a jantar, conversando sobre temas diversos. Havia de ser uma altura especial, mas não havia bolo de aniversário, muito menos velas. Mas estavam caixas brancas, em cartão, num móvel perto da porta. Na mesa, ainda se jantava. Havia batatas cozidas, legumes e... bacalhau... O rapaz mais novo não gostava de bacalhau. A mãe, conhecedora de seu filho, preparou algo para o pequeno comer. Contudo, o rapaz não tinha muita fome, estava ansioso. Há dias que esperava por aquele momento: abrir os presentes - porque era Natal!

Como é bonita a inocência dos mais novos no Natal; ver os sorrisos quando desembrulham um presente e encontram lá aquele brinquedo que se fartaram de pedir aos pais. 


Mas, como toda a gente, as crianças acabam por crescer. O Pai Natal passa a não existir, mas as prendas permanecem. E o atual do Natal é isto: olhar-se a prendas, esquecer-se o mais importante - a família. Trocaram-se as boas relações familiares por relações comerciais. As pessoas parecem preferir um computador novo a desculparem - ou desculparem-se perante - um pai, um filho, um irmão. Hoje, é preferível manter um orgulho ferido, que aceitar os erros e juntar a família em paz e harmonia.


A família daquele rapaz quebrou-se. No entanto, o pequeno retirou uma lição valiosa que o seguirá na sua vida: acima de tudo, estão aqueles que nos querem bem; aqueles que, sendo do nosso sangue, ou não, mereceram entrar no nosso coração; aqueles que, quer erremos, quer eles errem, deixarão um espaço vazio naquele lugar que haviam conquistado.

O Natal, antes de todo o consumismo que o envolve, deveria ser isto: uma época de paz, sem tensões nem divisões. Deixemos os presentes, esqueçamos um pouco a crise, voltemo-nos para quem nos quer bem, deixemo-nos embalar no inigualável conforto familiar.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Aborto "propositado"


De pouco ou nada servirá este meu ponto de vista, no entanto, como jovem que sou, tenho toda aquela disposição e energia para levar a cabo as minhas ideias e, quiçá, até esteja enganada e elas nutram algum efeito. A ver vamos.
            Ora, como é conhecimento de todos vós, a lei permite que se mate. Não acreditam? Então que significado tem a legalidade da interrupção voluntária da gravidez que não este? Parece que já me soam as vozes liberalistas, dizendo que moralidade não tenho eu nenhuma para julgar tais mulheres, ou então, que é preferível fazê-lo a ter de, mais tarde, educar uma criança sem condições nem amor. Pois para mim, isso são argumentos vergonhosos, como quem diz que um bebé em gestação ainda não “conta”.
            Ao invés, considero que este é dos piores actos contra os direitos humanos; aquele role de declarações que toda a gente gosta de dizer que defende mas que, na verdade, não o pratica. Como a minha avó dizia: de boas intenções está o Inferno cheio. Interromper uma gravidez viola o direito da criança em, simplesmente, ver o mundo, condena-a sem qualquer erro cometido, rouba-lhe a liberdade que viria a ter, enfim… um infinito mar de atrocidades! Que espécie de ser humano mata uma parte de si porque não quer passar o Verão com dez quilos a mais? Podeis também dizer que não dar vida a uma criança é sempre menos doloroso do que a ver crescer com deficiências e, por consequente, desigualdades. Ora eu cá digo que é com esses actos que damos ênfase à diferença, à discriminação. A própria progenitora o exclui; a própria progenitora lhe reconhece diferença e é por isso que ela existe.
            Dê o mundo as voltas que der, o aborto voluntário é um atentado contra a vida e toda a sua hipotética beleza. E lamento de coração fazer parte da geração que viu isto ser legalmente aceite, e mais, lamento assistir ao diminuir do número de pessoas que ainda pretendem reconsiderar e louvar a vida, antes que a raça humana extinga por causa da maldade do Homem.
Rute Rita

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O problema do Euro


“Jacques Delors diz que euro estava destinado ao fracasso - Antigo presidente da Comissão Europeia diz que se fechou os olhos às fraquezas de algumas economias na altura do lançamento da moeda única.” – RR

A pergunta é óbvia: “Então se tinha erros, avançou-se na mesma?”. Se estivéssemos a falar de uma construção civil até se podia dizer que “sim, porque depois a gente resolve”, mas estamos a falar de uma moeda que a Europa quase toda adoptou (se bem que quase que aposto que na reunião final a “resposta” foi a mesma).

É verdade, o Euro agora pode muito bem estar por um fio. Sim, é certo que para muita gente já estava difícil encontra-lo na carteira, mas no panorama europeu já se começa a roer unhas. Lembram-se da festa que se fez na passagem de ano para 2002 em muitos países por causa do Euro? Bem, faz de conta que a pessoa a quem nós fizemos a festa afinal não estava assim tão bem de saúde e tem que ser afastada ….

A moeda que nós portugueses actualmente usamos para pagar impostos, e taxas, e mais impostos, e mais contribuições e por ai fora está “doente” (ok, também enriquece os bolsos de alguns energúmenos, mas desses ‘coitados’ nem falo porque começo logo a lacrimejar).
E como portugueses que somos olhamos logo para o plano B: o regresso ao escudo! Sim, porque aí é que estávamos bem e saudáveis … até querermos entrar na moda do Euro, porque (dizia-se) lá estava-se melhor …

Se o Euro vai ou não cair eu não sei, mas se isso acontecer  vai ser criada uma nova geração: a da frase “eu ainda sou do tempo em que o Euro afundou esta porcaria toda”.

Antes de acabar (até porque a minha tigela com Chocapic está à minha espera) apenas falar sobre o sorteio para o Euro 2012 que revelou que Portugal enfrentaria a Holanda, Dinamarca … e a Alemanha. Dois pontos:
- Será que nem no futebol estamos sossegados?
- Será que Pedro Passos Coelho não teve “mãozinha marota” nisto como garantia que Portugal cumpria as suas promessas com a sr. Merkel?

(bem, já deixei isto no ar, agora vou comer, até à próxima!)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Face Oculta à Zé do Pipo


Alheiras, robalos, pão-de-ló (e se for cliente habitual tem direito a escutas e a um Mercedes de 20 mil euros) … esta é a ementa de quem se senta no “Restaurante Face Oculta”.

Aqui não há pedidos esquisitos: lavagem de dinheiro, influência de interesses, jogos de poder, pressões, chantagens ou pagamentos ‘debaixo da mesa’ … tudo é servido com toda a tranquilidade pelos gerentes Armando Vara, Manuel Godinho e a família Penedos (pai e filho) que sempre entrarão no tribunal, perdão, na sala de jantar com um sorriso nos lábios e um “estou inocente”, “a minha presença aqui é desnecessária visto que não há provas” e “o meu filho está inocente” (esta ultima percebe-se … alguém tem de continuar a tradição da família”).

Mas se é apreciador de espectáculos com gente mais conhecida, visite-os quando nos noticiários se falar das escutas de José Sócrates, sim o “Mister Magalhães” também dá uma perninha neste show de variedades. Relembre os mandatos deste senhor ao som do grande hit “Porreiro pá” e enquanto procura o dinheiro que estava no seu bolso, mas agora já não está lá.

Se por acaso ficou avassalado com a comida, polémica, dinheiro desviado e a sobremesa, não se preocupe se não estiver em condições de voltar a casa. Estes senhores fazem questão de referir que tiveram à sua disposição um carro de alta cilindrada (mas apenas por empréstimo) que lhe pode bem facultar um regresso fugaz e relaxado a casa … ou a ida directa para a prisão. Como vê táxi são coisas do passado, aproveite (mas não risque a viatura).

Como vê, nada melhor do que este lugar que a Justiça Portuguesa tem o prazer de patrocinar para passar os seus serões. Apareça, escolha o seu lugar e aprecie a comida … ah e se por acaso achar que a conta é um abuso, bem, é o Portugal que temos.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Português XXI


Solta-se em mim um grito silencioso por querer sair deste país egoísta, desigual e comodista. Não cómodo como o regaço da nossa avó, que nos acariciava o cabelo enquanto dizia que viríamos a crescer, a ser bons homens. Cresci, mas não me sinto bem nesta realidade. O meu futuro está incerto perante tal negrume na minha terra natal e comodidade é algo que nela desconheço.

Não consigo ser um bom homem face à desonestidade entranhada nos portugueses: um povo, outrora de grandes conquistas, que se virou para o facilitismo e para a desonestidade. A versão XXI do português é, na sua essência, um murro no estômago de todos aqueles que lutaram pelo mínimo de respeito e igualdade.

O dinheiro corrompe-nos as veias, torna-nos maus. Por ele, os governantes viraram vilões. Não resistiram ao brilho das moedas, ao cheiro das notas; quiseram evitar que se perdesse nas mãos do Zé – aquele sujeito bêbedo e ignorante. Guardaram-no, seguro, nos seus bolsos. Foram-no amealhando, e o povo anuiu, embrulhado na comodidade da esmola que eles lhe davam, mesmo desconfiando do que guardavam os líderes nos seus bolsos. Isto, porque o português sempre foi esperto e procura trabalhar o menos possível. Enquanto recebia, tudo corria bem. Hoje, em plena crise, o português não procura lutar contra a maré, espera que alguém o faça por si. O português quer melhorar a vida, mas não quer trabalhar mais por isso. O português não joga em equipa; prefere atirar a toalha ao chão e pedir esmola.

Se foi para isto que eu cresci, desilude-me que seja para ver os portugueses cavar a sua própria sepultura.

Take a Look Around

Será normal, será especial, será anomalia...
Não sei, mas parece que quando o dia acaba e o corpo pára, começa a cabeça a funcionar...
Não aquela que pensa e raciocina ao longo do dia, mas sim aquela que recorda tudo o que fizemos...
Chamam-lhe memória...
A minha funciona à noite, funciona no escuro, funciona quando tudo o resto já se apagou...
Quando o dia acaba, vem como um sumário escrito pelo aluno, ansioso por sair da aula, mas ainda com aquele detalhe estúpido de anotar resumidamente o que andou a fazer...
Quando esse momento chega, paro e reflicto, penso e repenso no que fiz e em tudo o que poderia ter feito se na altura tivesse tido a mesma tranquilidade e tempo que tenho agora...
Normalmente chego à conclusão que poderia ter feito melhor, respondido melhor, agido mais correctamente (mas muitas vezes arrependo-me de ter agido tão correctamente, ás vezes uma reacção mais animal também é bem aplicada)...
Hoje o dia chegou ao fim, valeu a pena, mais um dia que passou, qual foi o sumário de hoje?

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Caros Senhores do poder,

            Quando somos crianças, no infantário, ensinam-nos a não sermos egoístas… creio que a vós também lhes tivessem ensinado algo semelhante. É por isso que não compreendo os vossos actos.
            Como é que é possível existir tanto apego a pedacinhos rectangulares de papel cuja textura está mais do que contaminada? Porque insistais vós em falar ao vosso povo de uns mostrengos horrendos denominados “mercados”, e não lhes explicais que esses “mercados” são apenas homens que idolatram esse papel? Pouco lhes importa se as nações passam fome, se populações morrem sem cuidados médicos, ou se a geração seguinte terá sequer condições ambientais para existir. Contudo, acho que eles se esquecem que sem nós, eles próprios não subsistirão. O comércio terá fim, a indústria idem aspas, e o ambiente estará, entretanto, tão danificado que nem a agricultura nos poderá dar auxílio. E depois? Que lhes adianta os cofres cheios? Esperem lá, já me lembro do nome que dão: é dinheiro. É isso que irão comer? Está mais do que visto que o sistema em que hoje vivemos (capitalismo, para quem não sabe o nome) não serve. Nós, jovens, que ocuparemos os vossos lugares, nós que somos os vossos filhos, sobrinhos (…) propomos que comecem a dar prioridade ao conhecimento e à Natureza. Deixem de procurar em cada esquina uma oportunidade de negócio. Ao povo, parem de lhes dar aquilo a que a civilização romana chamava de “pão e circo”, que actualmente é mais “Rendimento mínimo e Casa dos Segredos”, para os distraírem e, assim, se protegerem de eventuais revoluções. Mostrem que a educação é de que se faz o ser humano. Sejam criativos. Sejam inteligentes. Sejam utópicos e façam de todo para tornar real.
            Nós, portugueses, gostamos de tratar o Estado como o culpado por tudo e mais alguma coisa, pois esquecemo-nos que nós somos o Estado. Isto porque, nós, portugueses, estamos constantemente à espera que alguém venha resolver os nossos problemas. Acabando assim por colocar em cima de outrem responsabilidades que somente a nós nos pertencem, mas que feria o nosso ego não as saber valer. Creio que nos custa a entender que a Humanidade existe por e para todos nós; não tentem fugir daquilo que fazem parte. É estúpido. Levantem-se dessas secretárias tão bem polidas e envernizadas. Ponham a mão na terra e ganhem-lhe amor. Vós precisais de todo o mundo. E o mundo precisa de vós. As pessoas deverão, também, continuar a ser o mais importante. Para que tudo funcione. Vós governantes e nós jovens temos o maior poder do Homem: o conhecimento. Vamos dar-lhe utilidade.
            No infantário ensinam-nos a não sermos gananciosos e a ajudar o próximo, não é? Então, deixem de pensar no ursinho do bebé do Sarkozy. Estão lembrados de que há países, fechados para si mesmos, que pela calada continuam a desenvolver-se e que já reúnem capacidade para destruir este mundo através de bombas? E não estou a falar de jogos de Playstation. É bom que continuem a procurar vida em Marte, caso contrário, não sei como nos safarmos. Estão lembrados de que já fomos a maior potência mundial? Antes de começarmos a delirar com o ouro do Brasil…
            Perdoem-me a objectividade, mas eu apenas estou a lutar pelo meu futuro. Porque eu também mereço um. E mereço, de igual modo, que cuidem dele enquanto eu cresço. E quando falo de mim, falo dos jovens cujo nome conheceis, cujo nome não conheceis, falo por todos! Parem de tratar cada fronteira como se fosse a vossa sétima vida. Parem de julgar que serão eternos e vosso poder jamais será posto em causa. Façam por conseguir cada vez mais e melhor. Por vós. Por nós. Pelos que ainda virão. E até pelos vossos antepassados que tanto lutaram para que vós tivésseis o que têm no presente e que, neste momento, devem estar às voltas nos túmulos a ver tanto erro cometido novamente. Parem de achar que o mundo é vosso e que o conseguem amarrotar e usar de novo (…). Ou então eu terei medo de respirar. Parem de comprar e deitar fora, sem que vos afecte saber que a cada gesto desses tiram vidas animais. Partilhem; aceitem que a maior parte de vós possui mais riqueza do que a suficiente, e que nós, deste lado, lutamos arduamente por uma pequena parte do que vocês têm. Recordem-se, por exemplo, que em 2010, Barcelona ficou, nos meses de Verão, sem água potável, tendo de comprar ao estrangeiro. Água potável. Não acontece só aos outros! Prestem atenção a mais isto: não temos todo o tempo do mundo! Mudem as vossas atitudes a partir deste segundo.
            E é assim que concluo, porque no infantário me ensinaram a não brigar, a ser prudente, ensinaram-me que os gestos valem mais do que promessas, ensinaram-me a assumir os meus erros e, principalmente, a corrigi-los. E quero acreditar que vos ensinaram o mesmo. Que vós sois capazes de mudar as vossas prioridades e colocarem a Humanidade em primeiro lugar. Quero acreditar que todas as vezes, antes de saírem de vossas casas, se olham ao espelho ou quando dizem aos vossos familiares que estão a fazer o melhor que sabem, ora, eu quero acreditar que realmente o fazem!

Obrigada.
Rute Rita

domingo, 13 de novembro de 2011

Quando o passado olha o presente...

"Quem não recorda o passado está condenado a repeti-lo."
Fonte A Vida da Razão
Autor - Santayana , Jorge


Qual a importância do passado?
Qual a necessidade do passado?
Qual é o nosso passado?


3 Perguntas, muitas respostas, respostas pessoais e nunca imparciais. Quem se orgulha exclusivamente do passado e não tem um "presente" para contar, com certeza responderia de forma entusiástica, referindo que o passado é parte integrante do presente, o passado é o que originou o que somos. Por outro lado, quem se esforça para que os seus erros sejam esquecidos, quem tenta um novo começo, irá provavelmente desvalorizar tudo o que passou, irá dizer que são águas passadas e o tempo não volta atrás e que o que interessa é o que são agora. Quem está errado? -Ninguém! Cada caso é um caso e ambos poderiam estar correctos.

Aonde quero chegar é que independentemente das opiniões, todos olhamos para o passado, reflectimos sobre ele, reflectimos sobre as nossas escolhas. Mas e quando o contrário acontece? Quando o passado olha para o presente, aquela ex-namorada que olha para o que o seu antigo "amor" se tornou, aquele amigo com quem perdemos contacto e após anos nos encontra, aquele antigo professor que sempre nos chamou à atenção para o nosso futuro e agora pode observar no que isso resultou... Nessas situações, pode-se sempre corresponder de forma positiva ou negativa, a opinião não será consensual, agradar a gregos e troianos nunca foi possível, resta-nos a nós esforçar para transmitir o que de mais positivo temos... Ou quando não o temos mas queremos "sair a ganhar", partir para a representação. Eu escolho o caminho da transmissão.

sábado, 12 de novembro de 2011

Quando a Europa se viu grega …


“Ufa já passou, mas valeu pelo susto” … era este o sentimento dos líderes europeus (e de Durão Barroso) quando souberam do passo atrás do governo grego no que toca ao referendo. Sim, a Grécia queria pôr nas mãos dos seus contribuintes a escolha de aceitar ou não a ajuda europeia, o que levou a que o ‘velho continente’ tenha sido visto com descrédito. Graças a George Papandreou (agora ex-primeiro ministro grego) e a versão deles do Fernando Mendes que é o ministro das Finanças (Evangelos Venizelos) pôs-se a hipótese dos gregos saírem da UE, coisa que assustou os portugueses, porque sejamos francos, a gente podia ser a seguir na linha …

Os gregos são esquisitos: depois de ter ganho o Euro 2004 (que só por isso já mereciam estar na miséria) agora ameaçavam abandonar o barco quando estamos no meio da tempestade e a água até está fria para um banho …
Outra coisa que eu não entendo é a casmurrice deles, quer dizer, quando até estavam dispostos a reduzir-lhes a dívida em 50 % amuaram e queriam sair. Faz lembrar aquele miúdo a quem a gente não dá o chocolate à primeira e quando volta a tentar, ele faz pirraça e ameaça fazer algo estúpido.

Da Alemanha o aviso é claro para esta nova fase da Grécia: ou aplica as reformas económicas ou abandona a moeda única. Para grego entender é como se Zeus se zangasse por terem posto a lavar a nuvem preferida dele e agora acabaram-se as dádivas … esta ideia de fazer o referendo parece-me uma tentativa desesperada para fazer algo que prejudicasse os seus contemporâneos (lembrei-me logo que isto podia afectar Portugal por razões óbvias …).

Para terminar um ponto que não podia deixar de destacar: a saída de Sílvio Berlusconi.
A Itália perdeu um mulherengo, um homem frontal e sem papas na língua, alguém que tem olho para os escândalos e que (de vez em quando) também era primeiro-ministro. 
Arriverderci amico mio.