É impossível escapar. Um alien podia aterrar em
qualquer parte de Portugal e percebia logo que estavamos em ano de
Autárquicas. Imaginem aquela praga de mosquitos que afectou o Algarve este Verão
... é basicamente o mesmo.
Mas atenção, nem tudo é negativo. Há toda uma
máquina de originalidade que parece que se instala neste momento, e para onde
quer que olhemos ficamos espantados, as vezes até rendidos a essa mesma
originalidade. Convido-o assim, leitor deste espaço, a vir comigo e explorar
este bonito mundo da propaganda política do nosso belo Portugal, mas aperte o
cinto, que o blog não tem seguro contra politiquices.
Vamos começar pelos nomes.
Quem nunca sonhou que o Presidente da sua Junta se chamasse Carlos Tenreiro? Ou
Zé Paleco? Ou Joni Ledo? Ou até mesmo a classe de saber que o seu presidente se
chama Décio Fava? Ou a simplicidade do sr. Paulo Cafôfo?
Mas ainda existem aqueles nomes que apelam à alimentação das pessoas, como
Arnaldo Tasca (em homenagem a quem frequenta tal estabelcimento), Pedro da
Vinha Costa (para quem aprecia o ramo da vinicultura) e para um bom petisto tem
sempre o candidato Wilson Chicharro ...
Passemos aos slogans de campanha,
um poço de virtuosidade.
Aqui a mensagem é passada de várias maneiras, desde um simples “o nosso futuro
é viver o presente” até a um arriscado “E porque não ...”. Mas há candidatos
que têm mensagens fortes como por exemplo “Connosco uma palhada de futuro” e
outros que até desafiam a Matemática com um “connosco 1+1=1”.
Seria injusto deixar outras duas mensagens de cartaz que achei interessantes. A
primeira é “por uma branca diferente” (porque há eleitores como Maradona que têm de ser agradados) e
ainda alguem que terá “um compromisso para 365 dias” ... o que é muito giro,
mas tendo em conta que o mandato ainda vai ter mais 1095 dias parece-me pouco
trabalho.
Seria inglório antes de terminar não
mencionar duas ferramentas importantíssimas para o trabalho destes candidatos
que tanto se esforçam para merecer os votos: Photoshop e Paint.
As ‘skills’ no manuseamento destes dois programas (ou a falta delas) fazem com
que possamos olhar para os cartazes e perceber que há pessoas que faltaram à
foto de família, que há outros que conseguem levitar, candidatos que parece que
vieram de um casamento (e outros de uma almoçarada com os amigos) ... Obrigado
a todos os especialistas que criaram os
cartazes, tornaram as Autárquicas em algo mais especial.
E eis que acaba a viagem. Não foi
giro e elucidativo? Pois, eu sei que não, mas também ninguém disse que as
Autárquicas tinham esse fim ... Mas não se preocupem, se estiverem aborrecidos
tirem o dia para ir ver os cartazes, decerto que depois disto que leram haja
algum candidato que seja “normal”.