"Writing is a socially acceptable form of schizophrenia."
(E.L. Doctorow
)

"Words - so innocent and powerless as they are, as standing in a dictionary, how potent for good and evil they become in the hands of one who knows how to combine them."
(Nathaniel Hawthorne
)

domingo, 22 de setembro de 2013

Rescuing Portugal, part 2



Não é um blockbuster de final de Verão, mas não deixa de ser um filme tremendo para todos os portugueses.
Parece que não há volta a dar, tudo indica que vem ai um segundo resgate para Portugal mesmo com o Governo a querer mostrar que isso não será preciso.


David Schnautz, do Commerzbank, disse ao Económico que o próximo passo do nosso país (no primeiro trimeste de 2014) será mesmo uma operação de troca de dívida, a mesma opção que foi tomada no final do ano passado. A mesma opinião têm multiplos analistas económicos de outros países que por vezes até referem um antigo “amigo” nosso neste aspecto económico: a Grécia.

Ainda assim, eis que o Governo entra em acção com 3 intervenientes. Poiares Maduro garantiu que o atual Governo tem feito de tudo para evitar tal situação, Paulo Portas afirmou que já batemos no fundo e agora estamos a subir a escada para regressarmos ao topo e mais recentemente Passos Coelho foi frontal com a sua ideia: diz que cortes nas pensões são decisivas para evitar segundo resgate.


O que se pode reter disto? Bem é mais um inbroglio de quem nos governa que anda a esticar a corda e mesmo assim não se escapa de fazer trapalhada perante a Europa, expondo-nos a um possivel resgate (de novo).
Portugal chega a ser mais triste que o Titanic: O navio foi ao fundo e eles só foram lá resgatar o pessoal uma vez; nós se calhar ainda precisamos de mais umas tentativas.


Mas atenção ao facto de invocarem a Grécia, isso é jogar feio. Então eles não têm lá as coisas deles? Não somos “especiais” e “bajuladores” da Europa suficientemente bons para irmos ao fundo com classe? Nós até temos pessoas como Rui Machete e Maria Luis Albuquerque no Governo, isso não chega para sermos únicos?


Uma coisa é certa e tenho de tirar o chapéu ao Governo. É graças a ele que vou aprendendo umas coisas sobre economia ... é com tanta polémica, desvio e escândalos que fui “obrigado” a saber o que era uma Swap, o que era um resgate económico ... um professor destes não se paga (ah, esperem, esqueci-me dos impostos ... ok, o pessoal paga-lhe e bem) ...


Se vamos ser alvo de um segundo resgate no início de 2014? Não sabemos ao certo, mas com “picardias” sem sentido como a perseguição ao Tribunal Constitucional e com medidas drásticas a quem pouco já tem parece-me exagerado e não deve ser o melhor caminho. Continuamos na “estrada” económica e enquanto uns juram a pés juntos que ainda há caminho, outros já vêem (de novo) a parede que nos vai fazer sofrer.


Quase que aposto que visto do espaço no pequeno rectangulo que é Portugal deve ler-se “Help!”.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

A Silly-Season das Autárquicas



É impossível escapar. Um alien podia aterrar em qualquer parte de Portugal e percebia logo que estavamos em ano de Autárquicas. Imaginem aquela praga de mosquitos que afectou o Algarve este Verão ... é basicamente o mesmo. 

Mas atenção, nem tudo é negativo. Há toda uma máquina de originalidade que parece que se instala neste momento, e para onde quer que olhemos ficamos espantados, as vezes até rendidos a essa mesma originalidade. Convido-o assim, leitor deste espaço, a vir comigo e explorar este bonito mundo da propaganda política do nosso belo Portugal, mas aperte o cinto, que o blog não tem seguro contra politiquices.

Vamos começar pelos nomes.
Quem nunca sonhou que o Presidente da sua Junta se chamasse Carlos Tenreiro? Ou Zé Paleco? Ou Joni Ledo? Ou até mesmo a classe de saber que o seu presidente se chama Décio Fava? Ou a simplicidade do sr. Paulo Cafôfo?
Mas ainda existem aqueles nomes que apelam à alimentação das pessoas, como Arnaldo Tasca (em homenagem a quem frequenta tal estabelcimento), Pedro da Vinha Costa (para quem aprecia o ramo da vinicultura) e para um bom petisto tem sempre o candidato Wilson Chicharro ...
 
Passemos aos slogans de campanha, um poço de virtuosidade.
Aqui a mensagem é passada de várias maneiras, desde um simples “o nosso futuro é viver o presente” até a um arriscado “E porque não ...”. Mas há candidatos que têm mensagens fortes como por exemplo “Connosco uma palhada de futuro” e outros que até desafiam a Matemática com um “connosco 1+1=1”.
Seria injusto deixar outras duas mensagens de cartaz que achei interessantes. A primeira é “por uma branca diferente” (porque há eleitores como Maradona que têm de ser agradados) e ainda alguem que terá “um compromisso para 365 dias” ... o que é muito giro, mas tendo em conta que o mandato ainda vai ter mais 1095 dias parece-me pouco trabalho.

Seria inglório antes de terminar não mencionar duas ferramentas importantíssimas para o trabalho destes candidatos que tanto se esforçam para merecer os votos: Photoshop e Paint.
As ‘skills’ no manuseamento destes dois programas (ou a falta delas) fazem com que possamos olhar para os cartazes e perceber que há pessoas que faltaram à foto de família, que há outros que conseguem levitar, candidatos que parece que vieram de um casamento (e outros de uma almoçarada com os amigos) ... Obrigado a todos os  especialistas que criaram os cartazes, tornaram as Autárquicas em algo mais especial.

E eis que acaba a viagem. Não foi giro e elucidativo? Pois, eu sei que não, mas também ninguém disse que as Autárquicas tinham esse fim ... Mas não se preocupem, se estiverem aborrecidos tirem o dia para ir ver os cartazes, decerto que depois disto que leram haja algum candidato que seja “normal”.


PS: Um agradecimento à página do Facebook “Tesourinhos das Autárquicas 2013” pela colaboração que teve para comigo na criação desta crónica. Muito obrigado.

domingo, 1 de setembro de 2013

Defendam o piropo!

Militantes do BE discutem fim do piropo nas ruas do país - Elsa Almeida e Adriana Lopera criticam banalização da ideia de que a mulher "está aí para ser tocada" in Jornal "I"


Tal como Martin Luther King, eu tenho um sonho.
O sonho de viver numa sociedade justa, com princípios e valores, com clareza e transparência de valores, e acima de tudo onde os garanhões e os trabalhadores da construção cívil possam mandar o seu piropo para as mulheres que passam.


O que o Bloco está a tentar fazer é crime, até acho que deve ser contra a Constituição (nunca a li, mas está na moda ser contra ela). Como se atrevem a querer tirar a melhor parte do trabalho desta gente? O que é um "trolha" sem uma chalaça como "Oh boneca, se fosses de porcelana partia-te toda…"? É apenas mais um trabalhador infeliz sem a chance de poder dizer aquela senhora tamanho elogio.

O piropo está na base da originalidade. Há mulheres até que quase os coleccionam, perante tanta variedade de escolha. O piropo não é mais do que uma panóplia de oportunidades para mostrares que és diferente. Podes pegar num simples: "Foste à tropa? É que já marchavas…" ou ires mais longe como um bom garanhão e usares um "A tua mãe só pode ser uma ostra para cuspir uma pérola como tu" ... enfim, poesia de rua sem preço.

Espero mesmo que isto não vá avante. O país não está preparado para perder o piropo, já nos tiraram tanta coisa, mas retirarem a possibilidade de um homem ser elogioso para uma mulher sendo javardo ao mesmo tempo é inconcebível ... As conversas entre homens mudariam radicalmente: "olha vai ali uma rapariga bonita. Ah, pois é, quem me dera poder afirmar tamanho impropério que lhe despertasse a atenção com palavras que roçassem o badalhoco mas que ao mesmo tempo lhe mostrassem que estou interessado". Querem mesmo um mundo como este?

Meus amigos e leitores, o piropo faz parte do plano de engate de muitos, por isso intervenho com esta mensagem, em prol da defesa daqueles não têm voz:
"Não deixes morrer frases como 'Acreditas em amor à primeira vista ou tenho que passar por aqui mais uma vez?', 'O teu pai deve ser Terrorista…. És cá uma bomba!', 'Diz-me como te chamas para te pedir ao Pai Natal', 'Não te esqueças do meu nome, mais logo vais gritá-lo', 'Oh flor, se eu fosse jardineiro nunca te faltava água' ou mesmo 'Contigo filha, era até ao osso!' ... há pessoas neste mundo que precisam disto para a sua vida mais feliz.

O meu nome é Daniel Teixeira e em nome dos trabalhadores da construção civil, garanhões licenciados e outros machos latinos eu aprovo esta mensagem.