"Writing is a socially acceptable form of schizophrenia."
(E.L. Doctorow
)

"Words - so innocent and powerless as they are, as standing in a dictionary, how potent for good and evil they become in the hands of one who knows how to combine them."
(Nathaniel Hawthorne
)

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Resultados - Sondagem

A nossa segunda sondagem desde o início deste blog centrou-se na seguinte pergunta: "Que qualidade mais aprecia num cronista?". Esta questão reuniu 23 votos que contribuíram para os seguintes resultados:

Ironia - 7 votos (30%)
Seriedade - 1 voto (4%)
Frontalidade - 9 votos (39%)
Versatilidade - 4 votos (17%)
Outro - 2 votos (8%)

De novo agradecemos a vossa contribuição neste espaço que também é vosso. Continuem a acompanhar-nos e continuem a mostrar a vossa voz não só nas sondagens como nas crónicas.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Crónica Power Balance

“Depois de multados em Espanha e Itália a marca de pulseiras plásticas Power Balance, vendidas com o objectivo de darem mais força e equilíbrio a quem as usa, foi obrigada na Austrália a admitir publicamente que as pulseiras não funcionam e a reembolsar compradores insatisfeitos.” In Público

Então mas isto é assim? Agora que tinha combinado com mais 7 colegas meus irmos empurrar comboios em Santa Apolónia é que saem com esta brincadeira? Isto não pode ser assim, anda uma pessoa a gastar dinheiro em pulseiras destas e afinal isto é só acessório? Para isso compra-se as da Hello Kitty que vêm com autocolantes, sempre tem brinde…

Não deixa de ser curioso os países que multaram a marca. Em Espanha entre as touradas, a quantidade de paella que comem e a porrada entre castelhanos, madrilistas e andaluzes no fim do dia uma pessoa chega a casa cansada. Imagino a surpresa dos nossos ‘vizinhos’ quando após o primeiro murro ficaram estendidos no chão … isto do equilíbrio é uma treta (ou é isso ou é devido à elevada percentagem de álcool no sangue, mas isso agora não interessa); 

Em Itália é um pouco paradoxal: Têm capacidade e força de vontade para aguentar os escândalos políticos em que o país é subjugado (e já agora humilhado) mas ficam todos espevitados quando caem num embuste que envolve pulseiras que nem sequer são obrigados a comprar … Vito Corleone deve estar às voltas no caixão. 

No que toca a Austrália … bem num país famoso pelos cangurus e koalas (e visto que ainda não vi nenhum com pulseiras) acho mal estarem com este tipo de queixinhas. Fica mal a um pedaço de terreno que por acaso até é um continente … Agora vocês pensam “oh Daniel tás a ser injusto, há pessoas que vivem na Austrália…”. Sim mas essas não usam estas coisas a não ser que venham coladas a uma prancha de surf, portanto mantenho a minha versão no que toca aos koalas.

Em Portugal não há a mínima chance de acontecer isto. Primeiro porque o Cristiano Ronaldo usa estas pulseiras, logo mais de 60% usará mesmo sabendo que não passa de um simples pedaço de borracha … CR7 é CR7. A outra razão é que não estou a ver o José Sócrates a aparecer numa conferência perante a imprensa a dizer “Caros jornalistas venho informar que todos os portugueses que compraram estas pulseiras serão reembolsados”… nesse momento o nosso país roçava no ‘politicamente correcto’ e eles claramente não estão para aí virados, onde é que já se viu um país respeitável aceitar reembolsos? Não não, cá não entram essas 'modernices'...

Nota: Esta crónica não tem qualquer efeito prático nem vos garante mais força nem nada. Só estou a avisar para evitar confusões... e para não andarem a saltar de pontes e essas coisas.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Portugal Laico

Estou farto! Farto de ouvir “Que Deus te abençoe” para aqui e “Até para o ano, se Deus quiser” para ali.

O meu lar, a minha pátria, gaba-se de ter a denominação de país laico. Contudo, tal estatuto é logo desrespeitado pelos líderes governamentais (Cavaco, para os mais distraídos). A laicização nunca foi algo levado com seriedade em Lisboa e restantes terrenos. Aliás, os próprios portugueses são aquilo que designamos de fanáticos ignorantes.

Peço calma aos meus compatriotas pela generalização, mas que grande parte de nós defende uma religião ou crença em demasia e, simultaneamente, procuramos ignorar e/ou rebaixar e maltratar as restantes ninguém o pode negar. Se não consigo sequer discutir as minhas ideias sobre esta matéria perante elementos da família, imaginem só como será com as almas mais distantes! Ainda assim, as respostas são quase sempre semelhantes:

“Muçulmanos são terroristas que maltratam as mulheres e põem os filhos a treinar para serem igualmente terroristas” – tenho pena de não separarem o trigo do jugo e tratarem todos os seguidores de Maomé como porcos nojentos que merecem ser decapitados um por um.

Já os Protestantes são vistos como um vírus que se tem espalhado, uma doença que ameaça os “bons” costumes dos portugueses. Durante a minha (ainda curta) vida, tive o privilégio de conviver com alguém que me mostrou o quão injusta nossa a opinião tem sido e que a falta de capacidade em nos abrirmos à diferença é deveras impressionante.

Os Judeus são pessoas estranhas, mas o pior são os Ateus! Esses sim, são o diabo em pessoa! Só o diabo diria que não acredita em Deus porque, sendo grande parte dos portugueses uns cristãos leais não pecadores, temos toda a razão em defender com unhas e dentes todas aquelas coisas que vêm naquele livro que a maior parte de nós nunca leu. 

Admitamos, Portugal é um país repleto de ignorantes! Claro que, depois desta afirmação, irei ter mais cuidado quando sair à rua. No entanto, antes de tudo, atribuo aos portugueses uma ignorância não a nível da capacidade intelectual, mas da incapacidade do nosso povo em se abrir e compreender novas ideologias e crenças. Porque não pode o Zé Povinho aproveitar a Aldeia Global na sua vertente mais positiva – a de enriquecer a nossa capacidade intelectual e de nos tornar mais poderosos como seres racionais?

Como uma inocente criança, sonho com o dia em que eu, um normal rapaz que perdeu a capacidade de acreditar numa força divina que nos guia, possa expressar livremente as suas ideias e, com isso, crescer como indivíduo e, se possível, tornar o seu mundo e o daquelas que o rodeiam no verdadeiro paraíso divino.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

3 pedaços de "ferro-velho"

Ora boas a todos...
Vou hoje falar de 3 notícias que hoje li e que me deixaram verdadeiramente chocado:

1.
Mantorras irá pedir pensão de invalidez.

2.
Luís Filipe Vieira anuncia o fim de carreira de Mantorras

3.
Luís Filipe Vieira diz que Mantorras poderia ter sido um jogador de classe mundial.

Para quem não conhece, Mantorras é o animador de claques do Benfica, que entra para supostamente jogar futebol nos últimos 15 minutos de jogo do último jogo das épocas em que o Benfica era para ser campeão e não foi, fazendo assim com que os adeptos acabem a época felizes... Porque deixaram jogar o Mantorras.
Curiosamente na época em que o Benfica foi campeão, o "fenómeno angolano" não jogou e nem sequer fez questão de festejar o título.

Fico admirado com o pedido dele de pensão de invalidez, pois lembro-me de ainda há cerca de um ano o ouvir dizer que o Jesus devia de lhe dar uma oportunidade como deu a todos os avançados (até ao Nuno Gomes) e de há dois anos o ouvir dizer ao Quique Flores que não era manco.
Ora bem, se não é manco, se consegue jogar futebol, se mesmo com uma perna com mais ferro do que ossos consegue correr mais que a maioria dos leitores deste blog, porquê receber pensão de invalidez? Ainda pensei que o problema fosse estar traumatizado por pertencer aos quadros do Benfica desde 2000/01 o que lhe dá 10 anos de casa, mas caso seja esse o caso, sr. Mantorras, faça o favor de pedir a indemnização ao Benfica e não tente abrir ainda mais o défice do nosso país, tentando "chular-nos" com a desculpa que é manco senão em breve metade da sua equipa segue o seu exemplo.

Quanto aos comentários de LFV... Pouco há a comentar.
Anuncia o fim de carreira do Mantorras, ora bem, já vem tarde, Mantorras já não joga futebol, pelo menos o que um adepto possa considerar futebol já há vários anos (Desde que saiu do Alverca). Quanto a Mantorras poder ter sido uma estrela do futebol mundial, é verdade, podia ter sido, o Adu também, o Bynia também, o Bergessio também... mas não foram... e o Mantorras também não!
Isto surge numa semana em que Ronaldo (o Brasileiro) pendurou as botas, pergunto-me até que ponto não terá LFV confundido o jogador que estava a comentar enquanto falava de "classe mundial".

Enfim uma boa reforma para esse senhor e se não receber pensão, pode sempre vender a platina que tem nos joelhos e já vive bem para o resto da vida.

P.S: Queria deixar aqui uma palavra de apreço ao verdadeiro fenómeno, o brasileiro Ronaldo, que entendeu ser também a hora de pendurar as botas.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O vício da terceira idade

Quem pensa que tudo acaba quando se passa da meia centena da nossa vida está redondamente enganado. Há um espaço fulcral na vida destes ‘sobreviventes’ de rugas demasiado carregadas e com cartão gold nas farmácias. Hoje revelo o jogo que põe o submundo idoso a mostrar que o poker é coisa de crianças: a bisca lambida.

Há dois sítios onde este jogo é imperial: nas tascas ou nos bancos de jardim ao ar livre. A primeira é para os 'pros' deste desporto onde o prémio final é uma mini e um pires de tremoços; a segunda é para os que gostam do 'show-off' e ganham apenas o pesar das pessoas que passam e que pensam “oh coitadinho, aqui ao frio a jogar as cartas…”.

Isto é bem mais do que um simples jogo. Em meia hora de partida, já passaram pela mesa de jogo todas as reformas dos jogadores (incluindo as das esposas para o bluff), 7 caixas de paracetamol e dois contos do tempo do Salazar. Aqui pouco importa que as cartas estejam marcadas … maior parte dos jogadores sobre de problemas de memória.

Existem dois tipos de jogadores neste perigoso jogo. O primeiro (e o mais vulgar) é aquele que anda em bando rodeado de guarda-costas, todos eles entre as críticas idades de 65 a 72 anos (se passar de 72 ficam muito moles). Esses são aqueles que como trunfo apostam os comprimidos para a artrose para dar a entender que é homem ao ponto que se perder nunca mais anda na vida. O segundo é o que anda sozinho, bem vestido (sempre com a sua camisa de lã por dentro do pólo) e que leva à loucura as idosas com o seu cheio a naftalina. Este leva as coisas mais longe e tudo que seja xarope para a tosse, passando pelos laxantes e acabando nos supositórios é posto em cima da mesa de jogo (quem disse que os velhotes não arriscam depois dos 50 anos?).

Em jeito de conclusão tenho duas coisas a destacar: Se repararem bem há sempre um senhor de boina ou a jogar ou a ver, esse é o olheiro principal e aquele que muito provavelmente tem menos dificuldade no que toca à andar (o mais certo é ver muito o programa do Malato); Seja qual for o resultado da jogatana, nunca acaba em porrada porque maior parte deles sabem que os filhos estão mortinhos para os pôr num lar … e se é para ir de ambulância que seja com dignidade.

Portanto, quando vir 4 ou 5 idosos a jogar cartas não se preocupe, eles sabem o que estão a fazer (afinal a reforma é deles…)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

"Sondagem - Resultados"

Como certamente já devem ter reparado, cada cronista tem liberdade de escolha no que toca ao tema. No entanto como primeira sondagem neste blog, quisemos que quem nos visitasse pudesse ter voz neste espaço, votando assim no tema que mais gosta de ver escrutinado em crónicas.

Após 10 dias de votação, no que toca a pergunta "Que tema mais gosta de ver um cronista escrever?" os resultados foram os seguintes:
Política - 2 votos (8%)
Desporto - 8 votos (32%)
Sociedade/Mundo - 6 votos (24%)
Sentimentos - 7 votos (28%)
Outro - 2 votos (8%)
Total - 25 votos

Em nome de todos os cronistas do painel deste blog agradeço esta grande afluência por vossa parte ao nosso projecto e esperamos que nos continuem a acompanhar semana a semana com os vossos contributos, não só nas sondagens como também nos comentários às crónicas.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Efeito Dóminó - Também com a morte?

"Idosos

Encontrado homem morto há já 10 dias

por LusaHoje
Um homem de 80 anos foi encontrado morto no sábado, em sua casa, em S. Mamede Infesta, Matosinhos, tendo sido o alerta dado por um vizinho que já "não o avistava há alguns dias", disse a PSP à Lusa." in CM de 14/02/2011

Esta citação com que começo a minha crónica de hoje veio publicada no jornal "Correio da Manhã" e relata o caso do 3º idoso encontrado esta semana morto em casa já há algum tempo sem que ninguem desse conta da ocorrência. Neste caso foram 10 dias, mas o mais caricato (perdoem-me o sentido da palavra) foi o da senhora que esteve 9 anos morta sem que ninguém lhe conseguisse entrar em casa.

Destes caso podemos tirar várias aprendizagens,a primeira e mais óbvia é da solidão pela qual passam os idosos, muitas vezes esquecidos pelas familias e que acabam por morrer isolados e ficar dias, meses, anos sem que ninguém note pela sua ausência.

A segunda, é de que a justiça portuguesa consegue mais depressa proteger a entrada da casa de um morto do que a de um vivo.

Enfim, após esse caso mediático surgiu o efeito dóminó e já temos dois casos semelhantes e para mim a explicação é fácil: Ao verem o caso da idosa que passou 9 anos em casa, foi tudo a correr ligar aos seus pais, avós, bisavós, até aos que pensavam já mortos, para confirmar se realmente não estavam vivos. 

Este retrato da sociedade moderna é tão vergonhoso como triste e leva-nos a pensar, até que ponto uma pessoa se isola do resto e o porquê?
Pensem no assunto e talvez comecem a dar um pouco mais de valor a todos os vossos amigos e familiares que convosco se preocupam pois há quem não tenha a sorte de ter uma unica pessoa a pensar em si.



"Nenhum indício melhor se pode ter a respeito de um homem do que a companhia que frequenta: o que tem companheiros decentes e honestos adquire, merecidamente, bom nome, porque é impossível que não tenha alguma semelhança com eles." (Adam Parfrey)

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Do amor cuida-se todos os dias - conselhos para machos


Amanhã é o dia de S.Valentim, "Dia dos Namorados", aquele dia que alguns consideram "lamechas", "desnecessário", "estúpido". Eu considero-o essencial, mas gostava que não fosse preciso existir... Aqui falarei para vocês em especial, machos latinos ou escandinavos, rapazes que se acham homens e homens que agem como rapazes, não importa - aqui estão todos metidos no mesmo saco, o da masculinidade e supremacia da testosterona.


Todas as mulheres gostam de se sentir especiais... Não basta sentirem que elas são especiais - têm que lhes mostrar que realmente o são. Não basta sentir... Tem que se mostrar que se sente. Podem fazer muitas coisas para tornarem este dia especial, não importanto se vão comprar uma lingerie sexy, ou oferecem um ramo de flores ou um pequeno postal, ou se preparam uma pequena surpresa, um jantar - seja o que for, as vossas meninas vão adorar, se simplesmente sentirem que pensaram nelas, que se importam com a alegria delas, que lhes quiseram fazer/oferecer algo em particular por se preocuparem, por gostarem. Umas podem ser mais exigentes, enquanto outras se contentam com coisas mais simples, mas, no fundo, todas nós gostamos de nos sentir mimadas pela pessoa que temos gosto em mimar também.


Pensem em algo, preocupem-se, planeiem, não pensem que nós não damos importância a este dia, pois todas as mulheres dão. Todas gostamos de sentir que somos amadas. Não só amanhã, mas todos os dias...
No entanto, mesmo que sintam que são bons companheiros e que dão o devido valor às vossas raparigas, não deixem passar este dia em branco... Confiem em mim. Não se esqueçam: pequenos gestos repletos de significado, fazem toda a diferença!


- Àquele tipo de macho "preguiçoso" e que não gosta de se "chatear": Deixa de ser enjoado e dá-te ao trabalho, pois vai compensar de certeza;
- Àquele tipo de macho que é "pobre e mal agradecido": Acorda mas é e faz algo por quem por ti faz tanto;
- Àquele tipo de macho que tem "a mania que manda": Tu só mandas enquanto ela deixar, por isso faz com realmente a mereças;
- Àquele tipo de macho do estilo "deixa andar": Essa atitude vai acabar por prejudicar aquilo que existe entre vocês, ou melhor, "vai deixar de ir andando", pois tudo exige manutenção;
- Àqueles machos que "não ligam a ocasiões especiais": Façam com que todos os dias o sejam.

(...)


Não basta amar... Tem de se cuidar do amor também. E toda a mulher dá um imenso valor a isso - não vivemos sem mimo. Façam alguma coisa!





Conversas de autocarro

Espero. Ele surge. Entro. Olho para diante, onde caras curiosas me fitam. Atrás, um conjunto de pessoas anseia desesperadamente por um lugar. As portas fecham-se, o motor ruge, arrancamos.

Um passo em frente e recuo no tempo. Volto à era do império, da guerra, do ditador, dos pudores, da censura. Aqui, o que ouço é tão comum e rotineiro que, caso estivesse a contar isto publicamente, seria certamente acusado de blasfémia e maldizer por aqueles que desconhecem o nosso tão amado Portugal. Estes seres, que sobreviveram durante décadas e cujas marcas da idade se entranharam no corpo com o passar dos anos, só têm como assunto de conversa temas tão banais que desinteressariam o mais resistente espectador.

“Hoje fiz sopa para o meu netinho. Ai Maria, ele é tão bonitinho!” – diz uma senhora, já idosa, a outra num tom de voz tão estridente que levaria à loucura aqueles que habitam o Olimpo que, com certeza, se questionam se ajudar o barbudo, o zarolho e companhia a chegar à Índia foi uma decisão acertada. Se calhar, Baco fora mais inteligente. Na altura, o deus [Baco] considerou os navegadores da Ocidental Praia Lusitana um perigo para o seu domínio. Quase acertou, só que a ameaça não era para si nem para a sua época. O tempo é agora! Portugal é um perigo para si próprio. O “Conquistador”, caso nos esteja a ver agora, grita em agonia pelo desastre em que a Pátria mergulhou.

“Não podemos continuar assim”. Acordou-me para a realidade o som daqueles dois homens mais à frente, ambos de meia-idade provavelmente. Estou em pé, o autocarro prossegue a sua viagem.

“Isto está cada vez pior Manel”, dizia o senhor, já barrigudo, calvo.
“E que vais tu fazer? Daqui a nada precisas de bengala e de sopa bem passada, o nosso tempo já passou…” – responde o tal “Manel”, a quem o companheiro replica: “Se não formos nós quem será? Aqueles ali?”

Aquele comentário sarcástico fez-me olhar para trás dele. Uma transformação repentina! “Estou de volta ao meu tempo” – pensei.

Jovens, acima de quinze anos, estudantes, suponho, encontram-se sentados nas cadeiras finais do veículo. Contudo, aquela interrogação sarcástica – “Aqueles ali?” – fez-me olhar com outros olhos para o cenário que visualizava. E, após reflectir um pouco, penso que o futuro não podia estar em melhores mãos: o estudante universitário, embora presunçoso, fechado no seu mundo, é bombardeado com as barbaridades saídas das bocarras dos mais novatos, que são um verdadeiro ataque à inteligência.

Entre os (supostos) rapagões, que imagino estarem numa competição para ver qual deles tem o nariz mais empinado, discute-se desporto, mulheres, a quantidade de erva que fumaram naquele dia e de um tipo que levou um enxerto de porrada de outro que, pelos vistos, tem uma daquelas alcunhas excepcionalmente originais que estão na moda. Elas, por entre gritos e frases tão sonoras que fazem a voz das peixeiras do Bolhão parecer uma melodia extraordinária, discutem assuntos como: roupa, o rapaz do momento (cujo lugar é agora dividido, vá-se lá imaginar porquê, entre um “vampiro” com má higiene, um índio que gosta de se passar por cão por passatempo e um cantor de dezasseis anos com aparência de dez), falam mal de uma rapariga que supostamente se enrolou com o namorado de uma amiga delas, e muitos outros temas do mais fútil que pode existir.

Parece que eles são os “aqueles” a que o senhor barrigudo se referia. Sinceramente, não vejo o porquê de tanto sarcasmo na expressão dele.

Espera, o autocarro parou, as portas abriram-se, está na altura de sair. Amanhã ele estará à minha espera e eu esperarei por ele, para me recolher no mesmo local e entregar mais histórias que, por mais rotineiras e banais que sejam, me farão navegar nos limites da minha imaginação ilimitada para as compreender.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Pedido urgente para a sanidade geral

É pá parem com os anúncios do Pingo Doce! É sempre o mesmo tipo de jingle, o que muda é meia dúzia de palavras e os actores pagos para fazerem de senhora da caixa ou de homem do talho. Já percebemos que têm jeito para as rimas e que arranjaram um compositor que só sabe tocar uma música … daqui a bocado estão na contagem do Top+. É sempre tudo acabado em ‘ão’ e ‘eiro’, depois queixem-se que chamam (outras) coisas acabadas em ‘eiro’ aos funcionários…

Isto já tem mais de um ano e parece interminável. Aposto que estes anúncios já servem como técnica de tortura nos prisioneiros mais difíceis de quebrar nos nossos país. “Onde escondeste o dinheiro do cofre Toni? Não digo. Olha que vais parar à cadeira eléctrica! E eu ralado…Ai é? Então vamos amarrar-te a uma cadeira e vais ver os anúncios de Natal do Pingo Doce! Não esperem, está na casa da minha amante…”

Pensem nos velhotes que estão todo o dia agarrados à cadeira a ver a programação da tarde que e durante os intervalos levam com este sacrifício. Um idoso passa de querer juntar toda a sua reforma para pagar os seus medicamentos para querer comprar a tal maça golden que todo o ano está a 75 cêntimos … e mais, como nesta idade a memória é selectiva eles ao decorar este anúncio esquecem coisas importantes da sua vida como por exemplo onde estiveram no dia 7 de Setembro de 1972, que tem que usar placa dos dentes e que tem que levantar a sua mulher todos os dias… que anda atrás da placa.

Já sinto saudades dos anúncios da ZON. Esses sim, porque davam para todas as situações e cada um tinha o seu toque: “Se eu podia viver sem o telemóvel, podia mas não era a mesma coisa”, “se eu podia viver sem comer francesinha, podia mas não era a mesma coisa”, “se eu podia viver sem a minha namorada a trair-me com o vizinho, podia mas não era a mesma coisa”… esse tempo de glória, de trocadilhos e de muita chapada conjugal já não volta.

Deixo assim algo construtivo para o pessoal que trata do marketing do Pingo Doce. Metam lá no anúncio a verdadeira senhora da limpeza com a sua verruga, o homem dos enchidos com um bocado de ranho (referência ao Inverno) e a menina da caixa a limar as unhas quando não tem ninguém para atender a dizerem que lá os preços não mudam … porque ninguém se dá ao trabalho de contratar alguém para tirar estes e pôr outros.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Fábiionce Sutyulaona

“Fábiionce Sutyulaona”. Eis o nome que, daqui em diante, estará nos meus documentos de identificação. Admito que é uma honra envergar esta bela designação que me foi atribuída por uma aplicação no Facebook. Desculpem, Fakebookonce.

Ainda sou do tempo em que a escolha de um nome era feita tendo em conta as expectativas depositadas pelos futuros pais na criança que ia nascer. Desculpem a nostalgia, mas não posso deixar de regressar a esses tempos em que a escolha dos substantivos identificativos A ou B dependia, além do gosto dos papás, da origem da palavra, dos valores que esta (ou que as pessoas que a acarretavam) transmite. Víamos então muitos “Carlos”, “Anas” e, sobretudo, “Marias” (Avé!).

Chegamos então ao séc. XXI e aparecem tentativas frustradas de nomear os nossos descendentes com nomes originais, mas que na verdade eram aberrações sem sentido nenhum.

Imaginem, meus caros, que chegou a haver um autêntico atentado à identidade de um pobre menino. Segundo relataram as notícias, houve uma personagem, que provavelmente achara um acidente a concepção daquele miúdo e tentou registá-lo como “Benfica”. Não há maior tortura imaginável do que passar 18 anos a acarretar um nome tão bestial. Mas aqui deixo uma boa referência relativa ao bom senso que o Registo Civil teve para com o futuro da criança, livrando-a de tal castigo.

Contudo, apareceram, nas últimas semanas, notícias no mínimo chocantes acerca de um casal wannabe Jet Set. Acabados de ter o seu primeiro rebento, chocaram o país (pelo menos, a face inteligente dele) ao oferecerem à sua filhinha um inferno de infância. Chamaram-na de Lyonce Viiktórya, uma tentativa frustrada de aparecer, apenas comparada à (sempre bela) Lady Gaga e o seu vestido “carnal”.

Por isto, meus amigos, um conselho. Se estiverem frustrados com o Mundo, não roubem, não matem, não votem no Cavaco; tenham uma filha e chamem-lhe Lyonce Viiktórya. Acreditem, o sofrimento que ela terá fará vocês olharem para o que vos rodeia de forma bastante mais positiva.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Caso do Século: O crime do saca-bolas... perdão, saca-rolhas!

Peço perdão desde já a quem, como eu, está farto de ouvir falar deste tema.

Como é óbvio falo do homicídio de Carlos Castro pelo modelo Renato Seabra, tema das capas de jornais e das conversas de café dos últimos dias (pelo menos das velhas cheias de pena do miúdo e dos velhos que gostavam do homem da televisão).

Á primeira vista parece contraditório eu dizer que estou farto de ouvir falar disto e mesmo assim trazer este tema á baila mas visto que não gosto de falar destas coisas pois tenho sempre uma opinião diferente, prefiro escrever aqui onde não tenho ninguém a interromper-me com discursos populares de quem obviamente não tem mais que cultura de televisão, mal estudada.

Nos últimos dias tenho assistido diariamente a uma dramatização do caso, mais precisamente, pessoas a defenderem o Renato Seabra pelo que ele fez, algo que eu acho incrivelmente parvo.
Pela minha vista do assunto, ambos os envolvidos são culpados, ambos merecem ser castigados (E um já foi...)...

Passando agora a justificar a minha premissa, porque deve o Carlos Castro ser castigado?
O Sr. Carlos Castro pode ter sido em vida um óptimo comentador, apresentador... cronista(!), mas como pessoa não defendo os valores dele, aliciava rapazes mais novos em busca de fama, sempre com segundas intenções, para além das comissões que recebe sempre como "agente" intermediário, aproveitava-se para ter relações com os seus "pupilos"... Restrinjo-me a não imaginar o tipo de perversidades teria aquele homem, por isso simplesmente digo, na minha óptica teve um castigo, talvez exagerado, mas teve-o por brincar com o fogo... e quem o faz queima-se.


Porque deve o Renato Seabra ser castigado e não ser encarado como um coitadinho?
Para quem já viu as conversas trocadas entre C.C. e R.Seabra no facebook, consegue ver que o sr. Castro não esconde as suas intenções e que Renato Seabra também não as rejeita, sabia ao que ia, sabia o que fazia, a fama subiu-lhe à cabeça e pensou estar disposto a fazer tudo para a conseguir... e conseguiu.
É neste momento um assassino famoso e com um "clube de fãs" que o apoia.
Fala-se de como atenuante ele alegar insanidade temporária, pois bem, se isso é justificação então se alguém fizer um comentário negativo á minha crónica corre o risco de eu ficar insano temporariamente e matar a primeira pessoa que me aparecer á frente... e para isso, já carrego o meu saca-rolhas no bolso, pistolas é coisa de menino ...

Vendo esfregona por 30 Milhões!

Arrebatado com essa grande transferência do David Luiz para o Chelsea pelos números que se conhecem, com alguma eloquência pensei bem no assunto e dou a oportunidade para que outros clubes possam comprar também um grande central, melhor do que este que saiu do Estádio da Luz… a minha esfregona de casa.

Podem pensar que é algo descabido mas não, e dou-vos algumas razões que demonstram que este meu activo é melhor que o ex-23 benfiquista:
- É soberba a nível posicional: não se mexe;
- É polivalente: ‘limpa tudo’ em todas as divisões da casa;
- Não tem entradas perigosas a não ser que tropeces nela;
- Não se queixa do salário e está melhor tratada a nível capilar comparada com esse central de meia tigela;

Agora, uma coisa é certa: sou inflexível no que toca ao preço: 30 milhões de euros. Como imaginam não é fácil perder um activo neste momento e nem pensem em virem com aquela história de envolverem jogadores para baixar o preço (se bem que ter alguém para limpar a casa não seria mau de todo) … pronto, ok, quando aparecerem propostas eu depois vejo isso.
Quanto à venda do David Luiz acho bem que ele tenha saído. Acredito que ele já não aguentasse mais ouvir Jesus e a sua ‘língua portuguesa’ (forno interno, padradas, um obstáculo que temos que ultrapassar-le-o…). Eu não sou do Benfica mas em dois anos de Jorge Jesus no Benfica já aprendi umas 27 novas palavras … e todas davam erro quando as escrevia nos testes de Português.

P.S : Uma palavra aos directores do Sporting. Quando os adeptos leoninos diziam após os maus resultados que “o que fazia falta era o Cristiano” estavam a falar do Cristiano Ronaldo, não do Cristiano que já foi do Paços de Ferreira.
Mas enfim é o Sporting … dá-se desconto.