Quem pensa que tudo acaba quando se passa da meia centena da nossa vida está redondamente enganado. Há um espaço fulcral na vida destes ‘sobreviventes’ de rugas demasiado carregadas e com cartão gold nas farmácias. Hoje revelo o jogo que põe o submundo idoso a mostrar que o poker é coisa de crianças: a bisca lambida.
Há dois sítios onde este jogo é imperial: nas tascas ou nos bancos de jardim ao ar livre. A primeira é para os 'pros' deste desporto onde o prémio final é uma mini e um pires de tremoços; a segunda é para os que gostam do 'show-off' e ganham apenas o pesar das pessoas que passam e que pensam “oh coitadinho, aqui ao frio a jogar as cartas…”.
Isto é bem mais do que um simples jogo. Em meia hora de partida, já passaram pela mesa de jogo todas as reformas dos jogadores (incluindo as das esposas para o bluff), 7 caixas de paracetamol e dois contos do tempo do Salazar. Aqui pouco importa que as cartas estejam marcadas … maior parte dos jogadores sobre de problemas de memória.
Existem dois tipos de jogadores neste perigoso jogo. O primeiro (e o mais vulgar) é aquele que anda em bando rodeado de guarda-costas, todos eles entre as críticas idades de 65 a 72 anos (se passar de 72 ficam muito moles). Esses são aqueles que como trunfo apostam os comprimidos para a artrose para dar a entender que é homem ao ponto que se perder nunca mais anda na vida. O segundo é o que anda sozinho, bem vestido (sempre com a sua camisa de lã por dentro do pólo) e que leva à loucura as idosas com o seu cheio a naftalina. Este leva as coisas mais longe e tudo que seja xarope para a tosse, passando pelos laxantes e acabando nos supositórios é posto em cima da mesa de jogo (quem disse que os velhotes não arriscam depois dos 50 anos?).
Em jeito de conclusão tenho duas coisas a destacar: Se repararem bem há sempre um senhor de boina ou a jogar ou a ver, esse é o olheiro principal e aquele que muito provavelmente tem menos dificuldade no que toca à andar (o mais certo é ver muito o programa do Malato); Seja qual for o resultado da jogatana, nunca acaba em porrada porque maior parte deles sabem que os filhos estão mortinhos para os pôr num lar … e se é para ir de ambulância que seja com dignidade.
Portanto, quando vir 4 ou 5 idosos a jogar cartas não se preocupe, eles sabem o que estão a fazer (afinal a reforma é deles…)
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