Jacques Le Goff disse um dia que “devemos trabalhar de forma a que a
memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens” e eu
não podia estar mais de acordo.
Isto é, não só a memória, mas também a História e todo o nosso passado
enquanto sociedade nos levam a compreender a nossa origem, coletividade e
interdependência. Não há como o negar. É quase como se exigíssemos de um lobo
que articulasse palavras ao invés de uivar. Não podemos exigir tal porque vai
contra a sua natureza. Os seus antepassados também não o faziam. A memória e o
decurso da História funcionam assim. Desse modo, ambas constroem a nossa
identidade quer enquanto indivíduos, quer enquanto sociedade. Não podemos
esperar que franceses defendam de unhas e dentes os alemães, quando os
primeiros sabem, pela História, que entre estes dois povos sempre houve
relações conflituosas e quando estas gentes têm na memória os que morreram na
guerra a combater uns contra os outros. A História deve funcionar, portanto,
para não se repetir erros do passado e para perceber a origem de certos eventos
dos dias de hoje. Deve, então, servir para a «libertação» dos homens. E aqui se
cruza História e memória e a utilidade de ambas.
Em suma, a memória alimenta-se da História e ambas nos constroem, a
nós, ao nosso presente e delineiam o nosso futuro.
Rute Rita Maia, 2 de fevereiro de 2013
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